Aventuras dum Repórter Fotográfico no Campeonato do Mundo da Alemanha.


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Galeria do Mundial - Manda as tuas fotos

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Estou a organizar todas as fotos dos bastidores do Mundial da Alemanha numa Mega-Galeria - inclusivé algumas das que aqui mostrei. Lanço um apelo a todos os jornalistas que estiveram na Alemanha para me enviarem as suas imagens (se possivel gravem o ficheiro com o nome do local) que incluirei na galeria. Se acharem necessário, incluam uma legenda, descrição ou identificação dos fotografados.
Enviem para lvdisk@gmail.com.

Dou por encerrado este blog. A animação e links para essa e restantes galerias continua no sítio do costume: no Kukas.

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Auf Wiedersehen

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Estugarda, 23H25. Acabou, finalmente, o Mundial. Ainda estou na Alemanha pois por sobrelotação de tráfego aéreo só conseguimos vôo amanhã. Estão milhares a abandonar este país e nós somos só mais três.

É um sentimento paradoxal o da partida. Se por um lado as saudades apertam e a necessidade de descanso cresce a cada hora, por outro habituamo-nos a este ritmo vertiginoso de trabalho, de convivência diária com um evento grandioso em todas as vertentes. Foi um mês absorvente (42 dias no total) e inesquecível.

Foi um previlégio cá estar, trabalhar a aprender com tantos bons profissionais, conviver com eles, ultrapassar as dificuldades que foram surgindo - e foram muitas - encontrar sempre energia e motivação no trabalho de equipa, condição fundamental para sobreviver aqui durante tanto tempo.

Houve dias difíceis, noites longas, muitos kms de viagem entre tantas cidades, inúmeras pessoas que conhecemos, enfim... apesar do desgaste, foi uma aventura que não trocaria por nada.

Amanhã volto à realidade mundana, aos serviços rotineiros, às chatices do dia-a-dia, mas também ao aconchego do lar, à companhia da minha mulher, filhos e amigos por quem tanto anseio.

Aos que aqui perderam o seu tempo a ler estas histórias, a ver as imagens, a comentar e a dar uma palavra de apoio, o meu sincero agradecimento. Também a vós devo o meu trajecto por terras germânicas. Como pude constatar da melhor maneira, por vezes uma palavra amiga ou uma palmada nas costas são o tónico que falta para percorrer aquele bocadinho que mais custa. O meu obrigado por isso.

Vou tentar, assim que possível, criar uma galeria fotográfica que constitua um arquivo fixo de todos os jogos, momentos e locais percorridos. Porque como o Vitor Espadinha dizia, recordar é viver.

Vou acabar de fazer a mala e tentar dormir umas horas. Amanhã estou em casa. Até já.

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Últimos Cartuchos

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Em Estugarda, o dia foi agitado. Começamos com uma conferência de imprensa improvisada à porta do hotel da selecção. O treino atrasou, motivado pelo mau tempo que obrigou o avião dos tugas a um desvio de emergência para Frankfurt. Almoçamos no D.Carlos, um restaurante português onde matamos saudades da nossa cozinha com um bacalhau à brás e uns rojões à moda do minho. Rápida paragem na bomba para abastecimento de fluidos e mais tarde, o último treino deste Mundial, sempre com boa disposição (Simões lança o seu charme a Inês Sainz, Zé Ribeiro não descola da 400mm e Paulo Esteves apanha mais dois cromos em figuras pouco dignas). Mais uma volta, mais uma viagem: no centro da cidade está a decorrer uma feira de vinhos e uma das suas praças está repleta de pequenas tascas onde há de tudo para matar a fome e a sede. Venha uma tábua de queijos e enchidos, mas pouco vinho, que amanhã é dia de trabalho e os reflexos já viram melhores dias. Até já...

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Olhar em Frente

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Perdoem-me a ausência prolongada mas os últimos dias não tem sido fáceis. Depois de abandonar Marienfeld (fomos mesmo os últimos a sair da tenda, que entretanto foi desmontada logo após o último treino) fizemos mais de 600 kms até Munique. No dia anterior ao jogo a bandalheira foi geral: o acesso à conferência de imprensa estava limitado a 200 lugares e só a quem tivessse levantado uma senha no dia anterior, situação que careceu de aviso prévio. Muitos tentaram furar o esquema de segurança e tudo valeu para tentar recolher imagens e sons das declarações de Scolari.

A Arena de Munique é um estádio de contrastes: se por fora faz lembrar uma nave espacial ao melhor estilo Spielbergiano, por dentro o espaço carece de infraestruturas (ex: só tem 2 elevadores) para a multidão de jornalistas que aqui veio trabalhar. Ao fim do dia o ar estava irrespirável, as casas de banho impróprias para utilização e havia filas para tudo: comer, beber, subir e descer pisos, etc.

No que toca ao jogo propriamente dito, não há muito a dizer: eu, por (de)formação profissional, sou um pouco imune aos sentimentos que se vivem dentro do mundo do futebol - captar as tristezas e alegrias dentro das quatro linhas é o pão nosso de cada dia de todo o repórter fotográfico. Não sou excepção e mesmo com o meu clube, vejo sempre um golo marcado ou sofrido como uma oportunidade para uma imagem e não para festejos ou lamentos. De qualquer modo, com a Selecção as coisas são um pouco diferentes. Estamos há um mês com eles e partilhamos um pouco desta euforia que inundou o país. É por isso ainda mais duro assistir a esta derrota, também nossa, nada podendo fazer a não ser registá-la para a posteridade.

Hoje fizemos o treino do "Day After" em Munique e o moral é mais elevado do que se poderia supor. Há sorrisos, um olhar em frente, triste mas necessário, feito de coragem e resignação. Amanhá é outro dia...para nós também.

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Fazendo história em Gelsenkirchen - Part II

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Sou sincero: ainda não assimilei bem a ideia de que passamos às meias-finais. Foi um dia histórico e ter o previlégio de o viver de perto é algo que provavelmente só valorizarei bastante mais tarde. Ainda por cima neste palco onde também vi os dragões a sagraram-se campeões europeus. Memorável!

Para não variar, o dia começou muito cedo - como podem confirmar na foto, às 9 da manhã (8 em Portugal) já estavamos na entrada do estádio para a habitual reserva das cadeiras. Foram cerca de 9 horas de espera até começo do jogo. Para conseguir um bom lugar abdicamos do descanso necessário para enfrentar um jogo destes. Já começo a ponderar se vale a pena este sacrifício - quando o árbitro apita para o início do jogo já estamos tão cansados e fartos de lá estar que o rendimento final em termos de trabalho acaba por se refletir.

O ambiente é agora de festa e alguma euforia contida, pois a França não será pera doce. Espera-nos uma longa viagem até Munique para esse jogo decisivo e a certeza que não abandonaremos a Alemanha antes de dia 9, aconteça o que acontecer.

O treino de hoje teve a presença (mais uma vez) de Inês Sainz. Mesmo não sendo novidade, muitas cabeças rodaram - inclusivé de alguns jogadores - para apreciar as sinuosas linhas da jornalista mexicana. Não a de Nuno Vieira, imperturbável na cobertura noticiosa do treino da selecção. Nestas imagens podem ainda ver Paulo Esteves, exausto antes da abertura do balcão da Canon, Ricardo Junior confirmando o foco, a equipa "Record" na tribuna de imprensa e eu, primeiro no "serviço" e depois no "bagaço" com o António Simões.
Amanhã é o último dia dos tugas em Marienfeld... estou com um feeling que ainda vou ter saudades disto....

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Inglaterra, Bielefeld e os Alemães

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Estamos de partida para Gelsenkirchen, pela 2ª vez. O ambiente na Selecção está quente, motivado pela ferocidade da imprensa inglesa, sempre disposta a criar polémicas onde não existem, nem que para isso seja precisar inventar entrevistas com o Pauleta, como aconteceu. As conferências de imprensa na tenda de Marienfeld tem sido mais concorridas do que nunca, assim como os treinos (onde 3 esforçados repórteres trabalham deitados). Esta postura da imprensa inglesa não é mais do que uma fuga para a frente, um modo agressivo de ocultar os seus receios de que a tragédia do Euro2004 se volte a repetir. Assim esperamos. De qualquer modo, o discurso lusitano é de contenção e respeito pois não convém deitar foguetes antes da festa.

Em Bielefeld, terra que já adoptamos como nossa, tive hoje oportunidade de passear e conhecer um pouco melhor as suas ruas e comércio. É uma cidade pequena, organizada, limpa e viva, com diversas zonas pedonais com agradáveis esplanadas para relaxar ao fim do dia, inúmeras livrarias de rua e uns coloridos bonecos que adornam a entradas de diversos estabelecimentos comerciais. Os preços são para todos os gostos e tranquilidade é a palavra de ordem.

Poderá ser triste dizê-lo deste modo, mas a Alemanha seria um local fantástico se não tivesse alemães. Tem tudo para isso: as instituições funcionam, há qualidade de vida, os ordenados são acima da média, existe segurança, prosperidade, emprego, tempo livre e zonas verdes (Leiam este crónica de dia 23 para ficarem com uma ideia), mas não há pachorra para os alemães! Tudo que fuja do protocolo, do regulamento, é o suficiente para os confundir. Os empregados de mesa, por exemplo,são incapazes de tomar nota de dois pedidos de cada vez, é preciso esperar uma eternidade para pedir mais uma cerveja, a conta ou a factura. A palavra "desenrrascar" não vem no dicionário alemão: se não estava previsto, não se faz. Ponto final. São incapazes de contornar um imprevisto ou dar resposta a uma situação que não estava contemplada. Nas ruas, quando o semáforo está vermelho para os peões, mesmo sem haver um único carro a circular num raio de 10 kms, ninguém se atreve a transpor a estrada - todos aguardam o sinal verde - excepto os tugas que por aqui andam - e que são automaticamente fulminados com o olhar de censura por parte dos habitantes locais. Enfim... é preciso ter muita paciência para viver não na Alemanha, mas com os alemães e, ao fim de 30 dias, esta já começa a escassear. Olha aí mais um cerveja, faxabore!!!

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30 dias de Mundial

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Hoje, dia 28, completa-se um mês desde que saí de Portugal. São 30 dias de trabalho consecutivos a acompanhar a selecção nacional. Nos primeiros dias a cobertura centrou-se num dos adversários já eliminados - a Angola, selecção que acompanhei com o meu colega Eugénio e da qual tantas boas memórias guardaremos...

Ao fim de todos estes dias, o cansaço é indisfarçável. Feitas as contas por alto, terão sido mais de 10.000kms percorridos de carro e outros tantos de avião. Nápoles, Salerno, Dortmund, Sittard, Utrech, Celle, De Burg, Colónia, Hanoover, Frankfurt, Gelsenkirchen, Belefield, Marienfeld e Nuremberga são algumas das cidades onde estivemos. Dormi em 9 hoteis, num deles apenas 4 horas. Comemos em restaurantes mexicanos, argentinos, espanhóis, chineses, alemães, italianos e macedónios, em bombas de gasolinas, e onde nos dessem de comer. As imagens que aqui vos mostro (clica para ver em tamanho maior) são retalhos soltos deste mês, onde tive o previlégio de trabalhar acompanhado por grandes profissionais que muito estimo e admiro.
Em termos de trabalho, aqui ficam mais alguns dados ilucidativos:
- Total: 6 jogos: 2 de preparação, 4 oficiais.
- 14.524 fotos disparadas (cerca de 40Gb em disco)
- 839 fotos em 31 pastas enviadas para a redacção em Lisboa.

Se por um lado sei que estou a viver um momento histórico do futebol português e quero cá ficar até dia 9 para a final em Berlim, por outro as saudades apertam cada vez mais e a necessidade de descanso também. Este é um último esforço difícil, mas necessário - para os que cá estão e para os que nos aguardam em casa. Coragem, já falta pouco.


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