Estugarda, 23H25. Acabou, finalmente, o Mundial. Ainda estou na Alemanha pois por sobrelotação de tráfego aéreo só conseguimos vôo amanhã. Estão milhares a abandonar este país e nós somos só mais três.
É um sentimento paradoxal o da partida. Se por um lado as saudades apertam e a necessidade de descanso cresce a cada hora, por outro habituamo-nos a este ritmo vertiginoso de trabalho, de convivência diária com um evento grandioso em todas as vertentes. Foi um mês absorvente (42 dias no total) e inesquecível.
Foi um previlégio cá estar, trabalhar a aprender com tantos bons profissionais, conviver com eles, ultrapassar as dificuldades que foram surgindo - e foram muitas - encontrar sempre energia e motivação no trabalho de equipa, condição fundamental para sobreviver aqui durante tanto tempo.
Houve dias difíceis, noites longas, muitos kms de viagem entre tantas cidades, inúmeras pessoas que conhecemos, enfim... apesar do desgaste, foi uma aventura que não trocaria por nada.
Amanhã volto à realidade mundana, aos serviços rotineiros, às chatices do dia-a-dia, mas também ao aconchego do lar, à companhia da minha mulher, filhos e amigos por quem tanto anseio.
Aos que aqui perderam o seu tempo a ler estas histórias, a ver as imagens, a comentar e a dar uma palavra de apoio, o meu sincero agradecimento. Também a vós devo o meu trajecto por terras germânicas. Como pude constatar da melhor maneira, por vezes uma palavra amiga ou uma palmada nas costas são o tónico que falta para percorrer aquele bocadinho que mais custa. O meu obrigado por isso.
Vou tentar, assim que possível, criar uma galeria fotográfica que constitua um arquivo fixo de todos os jogos, momentos e locais percorridos. Porque como o Vitor Espadinha dizia, recordar é viver.
Vou acabar de fazer a mala e tentar dormir umas horas. Amanhã estou em casa. Até já.