Sim, doem-me as costas, os ombros e os pés. Como seria de esperar perante as circunstâncias, tivemos que fazer uma directa. Chegamos ao hotel a Nápoles às 04H00 e o nosso vôo para Munster, via Munique era às 08H00. Toca a tomar um duche, arrumar a mala e o material e... arrividerci Napoli!

A chegada a Munster foi um autêntico choque térmico. Passamos dos simpáticos 24º do Mediterrânico para violentos 10º, fustigados ainda por um vento tipicamente nórdico, acompanhado de esporádicos aguaceiros. Mas o choque não fica pela variação climática: Depois da overdose sensorial que é Nápoles, cheia de barulho, cor, lixo, gente, informação e movimento, chegar a um aeroporto alemão é como aterrar num planeta distante. Do folclore multi-color napolitano passamos para o cinzentismo politicamente correcto do povo germânico. Tudo está limpo e silencioso...

Apesar da eficácia e pofissionalismo reconhecidos aos alemães, a minha mala não chegou. Foi a única. No balcão do Lost and Found informam-me que terá ficado algures em Munique. Mando-a entregar no hotel em Dortmund onde ficaremos esta noite.

Alugado o carro e definida a rota no Tom Tom (dispositivo GPS), dirigimo-nos ao centro de acreditaçãoes da Fifa em Dortmund. Abençoado Tom Tom! Se não fosse ele demoraríamos horas para encontrar o centro. É lastimável, ainda mais na Alemanha, mas a única sinalética indicando a localização do Acreditattion Center é a existente no próprio local. Uma vergonha! Podiam ter aprendido alguma coisa com o nosso Euro2004.

Exaustos e com as pálpebras presas por palitos, arrastamo-nos até ao hotel (este bem melhor) e enviamos os textos e fotos para a edição de amanhã. Depois disso, vencido pelo cansaço, aterro na cama, mas por pouco tempo. Desperto com um telefonema a avisar que a minha mala chegou. São 22H00 e há que comer algo num restaurante perto do hotel. Amanhã será mais um longo e imprevisível dia, tão imprevisível como os planos da selecção angolana. Se o próprio media officer deles não sabe qual é o programa de treinos, que planos podemos fazer nós?...

Começamos o dia com uma visita a uma mega-feira de rua em pleno coração da zona velha de Nápoles. Nem a melhor das imagens conseguiria transmitir a fervilhante vida deste caótico espaço, onde tudo se vende e compra. De cintos, sapatos, todo o tipo de acessórios Dolce&Gabana a Playstations portáteis, telemóveis e portáteis topo de gama. Respira-se uma atmosfera de ilegalidade tranquila, onde há espaço e tempo para todos os negócios.

Passeando nas ruas e vielas de Nápoles há que ter em conta uma regra de sobrevivência básica: mesmo que a rua seja de sentido único, convém olhar sempre para os dois lados. De facto, os semáforos e toda a sinalização existente na cidade tem objectivos meramente ornamentais: ninguém cumpre o código, a começar pelos condutores de piaggios, que serpenteiam por entre carros, peões e outros obstáculos. Foram incontáveis as vezes que ia-mos sendo atropelados, mas tudo flui e nada choca num caos que parece organizado. Nápoles é uma cidade única, transbordante em que tudo é excessivo e frenético.

A caminho de Salerno paramos num miradouro sobre o Mediterrâneo com uma vista fantástica e aproveitamos para registar o momento. No que toca ao trabalho propriamente dito, o jogo pecou por completa falta de organização. Em termos de imagens, basta referir que estive a fazer o ataque de Angola...que jogou contra a Argentina. Depois do serviço enviado, fizemos mais uns 40 km até ao hotel onde está acomodada a selecção de Angola para cobrir uma recepção ao embaixador do mesmo país. Enquanto escrevo estas linhas depois de jantar um peixe ressequido, olho para o relógio e faço contas à vida...são 2 da manhã, ainda temos uns 80 km de viagem até Nápoles, é preciso arrumar o material, fazer o check-out, ir para o aeroporto, atestar e devolver o carro, fazer o check-in para o vôo das 08H00. Valerá a pena dormir?...
[Actualização]: Ainda vou meter mais, mas podem ir vendo algumas fotos aqui.

Nápoles 02h50

Uf, que dia....
aterrramos em Nápoles em pleno-contra-relógio:18H45. Levantar malas, transfer do mini-bus da Avis, alugar carro e as burrocracias habituais destas chegadas roubou-nos cerca de 1 hora. Há que pegar no mapa, nas rotas impressas do viamichelin e por-nos rapidamente a caminho de Salerno, que fica a 70 km, onde Angola treina às 20H00. Já não vai dar para ir pôr as malas ao hotel no centro de Nápoles, como tinhamos previsto.
Fazemo-nos à estrada. À 3ª curva, uma hesitação fatal num cruzamento com umas 50 placas de sinalização, desvia-nos da rota prevista. Há que repor o mal que se fez, nem que seja precisa calcar algumas linhas contínuas...à napolitana. Supostamente deveríamos entrar numa auto-estrada mas....isto è uma auto-estrada? está tudo em obras, cheio de separadores em cimento, sinais e lixo acumulado. E a cada 20 Km temos de desembolsar 1,40 Euros. Ainda a malta se queixa da Brisa...

Chegamos a Salerno às 20H10 e num misto de faro de perdigueiro e gps imbutido na carola, damos com o estádio à 1ª. Por sorte, ainda apanhamos o fim do treino da argentina (Lucho lá estava, entre muitos craques). Fiz o teino da Angola em condições tipicamente africanas (para os entendidos em iluminação - os valores para trabalhar eram 1600 ASA 1/125 f/2.8), o que não abonou muito à qualidade final das imagens. Desenrascamos ainda uns colegas de angola, desprovidos de meios de envio mais rápidos e também a sofrer a pressão dum deadline ainda mais apertado que o nosso. Fotos e textos enviados, recepção confirmada, é hora de dar ao dente. Uma pizzaria (como não poderia deixar de ser) onde matamos a fome e a sede e carregamos baterias para mais 70km de regresso a Nápoles, onde tivemos que sair da auto-estrada que estava cortada para obras e encontrar o hotel em plena zona velha e também ele a cair de velho. Amanhã há mais...

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So far, so good...Exceptuando o facto de termos vindo num avião da Ibéria tipo-supósitório, verdadeiro pesadelo de qualquer claustrofóbico, onde a minha mochila de quase 30 Kg não cabia em nenhuma bagageira e de termos de aguardar mais uma horita pelo próximo vôo, está tudo a correr bem. Até já...

Hoje ainda tenho o jogo decisivo dos Sub21 (decisivo dizem eles, que para mim, já foram à vida), e amanhã arranco pela manhã para Nápoles com escala em Madrid. Na terra do imprevisível Vesúvio espera-me um jogo particular entre Angola e Argentina, donde arranco de seguida para Munster, na Alemanha. Nem vai dar para desfazer a mala. Até já...

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Lançamento previsto para dia 28...ou antes se houver tempo.